o direito à autodeterminação dos peões
Premissa maior: Em Roma todos os peões são suicidas!
Atravessar as ruas romanas de maior tráfego é um acto de convicção e uma declaração de guerra.
O espaço listado das passadeiras delineia apenas a fronteira ideológica que separa peões e automobilistas mas na verdade não é mais que uma declaração de intenções, uma área de pura conceptualidade que indica: aqui dever-se-ia atravessar em segurança se!...
Este é o espaço simbólico dos direitos do peão, mas na realidade estes direitos não estão aprovados pela constituição, são meramente indicativos! Ou assim parece.
Por isso, qualquer pessoa que pretenda caminhar e, consequentemente, atravessar a labiríntica e caótica rede viária da cidade, rapidamente aprende que entrou num campo de batalha que exige boa preparação física e nervos de aço.
Colocar o pé no asfalto e iniciar a travessia é um acto de pura convicção e fé.
Deve ser feito com os nervos tensos, preparados para a batalha, e um exercício de mentalização disciplinado repetindo baixinho o mantra: eles vão parar, eles vão parar, eles vão parar!
É que na verdade eles param, a 3 milímetros é certo, mas param, têm é de reconhecer ao peão esta fortaleza de espírito.
Não há tempo nem espaço para hesitações, uma vez dado o primeiro passo é preciso caminhar em linha recta sem contemplações. E acreditar, ó sim, acreditar com muita força.
Cada passadeira uma arena. Cada travessia uma conquista!
Como se o direito de passagem pagasse portagem sob a forma de autodeterminação!
Estes romanos são loucos...
4 Comments:
At 24 novembro, 2005 16:20, jordi said…
Essa do mantra é genial!
At 25 novembro, 2005 11:25, JNM said…
Reminiscências de um passado em que a diversão estava associada ao sangue e a morte...
Há coisas que não mudam.
At 25 novembro, 2005 11:55, montanhacima said…
Cada passadeira uma arena.
Pois, eles até têm uma chamada Coliseu onde punham leões a comer pessoas. Agora abriram as portas e os leôes fugiram para a rua,ou melhor, para o asfalto...
At 07 outubro, 2008 10:08, Pé na estrada said…
nope, pior que roma é mesmo nápoles!!!
tenta ser peão, ou mesmo ser condutor de qualquer veículo naquela cidade. Quando estive a trabalhar no Vesúvio, carro era mesmo só para o campo. Na cidade é para andar a pé, e atravessar ruas, corre para não apanhares com um veiculo motorizado em cima...
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