Dias mãeores

um blog de mãe para recuperar o tempo perdido em dias sempre mais curtos que o desejado

quinta-feira, janeiro 05, 2006

inícios de ciclo





A imobilidade é um grilhão poderoso.
Assume contornos sedutores quando nos apanha desprevenidos, cansados, sem saber o que fazer aos braços e aos dias, aos desejos e aos ensejos.
Talvez por isso mesmo se tenham inventado os rituais, marcos temporais que mantêm a ordem e reforçam a repetição das coisas, enquadrando a mudança numa estrutura de permanência e conforto. Pequenas pausas de calmaria no turbilhão da vida, breves zonas de transição entre ciclos, fins e inícios. Ilusoriamente imóveis.

Mal saída ainda das últimas semanas de rituais, celebrações e fins de ciclo, não consigo deixar de remexer nas memórias, nos planos, nos desejos e sentir esta tensão permanente entre a pausa e o movimento.
Gosto de rituais. Gosto da zona de fronteira difícil em que se situam - o brevíssimo espaço entre a permanência e a mudança, entre a repetição e a alteridade, entre o fim e o princípio.
Zonas de charneira e regeneração.

Escrevi há uns tempos:
Do meu banco de jardim recuso-me a ver passar o tempo.
Faço e desfaço as horas rodando os ponteiros do relógio para trás e para a frente como quem desafia o destino.
A pele fundida com o vermelho lascado da madeira, os veios desenhados nas pernas, os músculos tensos, prontos para a recusa da imobilidade.
Assim me preparo para saltar. A qualquer instante.
Sobre a minha própria falta de vontade.
Como uma sombra.
Sempre alerta...

8 meses depois, retomo aqui a promessa neste novo início de ciclo.

Que 2006 possa ser mais um ano de mudança e movimento (com momentos de pausa e suspensão).
Em dias maiores...

4 Comments:

  • At 05 janeiro, 2006 17:20, Blogger Pedro Veiga said…

    Que 2006 seja mesmo de mudança e movimento, porque a vida é assim mesmo. Desejos de um excelente ano de 2006!

     
  • At 05 janeiro, 2006 18:08, Blogger jordi said…

    Por isso é que os ponteiros dos relógios descrevem um círculo.
    Voltam sempre ao mesmo sítio.
    Às vezes cansam-se e é preciso dar-lhes corda... nhec, nhec, nhec...

    Agora percebo a expressão "estar com a corda toda"...
    Olha e sabes que mais?
    Sursum corda...

     
  • At 06 janeiro, 2006 10:57, Blogger montanhacima said…

    E que os dias sejam tão grandes que possamos caber todos lá dentro.

     
  • At 06 janeiro, 2006 16:22, Blogger Marco Lourenço said…

    escreves muito bem

    olha n consegui evitar e tive de por um post teu no meu blog.

    parabéns

    marco

    blog
    pirandelos.blogspot.com

     

Enviar um comentário

<< Home