Dias mãeores

um blog de mãe para recuperar o tempo perdido em dias sempre mais curtos que o desejado

sexta-feira, junho 23, 2006

geografias idiossincráticas

"Cada viajante constrói, das cidades que ama, uma ideia que raramente coincide com a lógica da geografia urbana.
(...) A sua noção de geografia é essencialmente afectiva, as suas preferências não são racionais, e, por isso, essa zona eleita figura no seu espírito, e para sempre, como centro da cidade."
António Mega Ferreira (a respeito de Roma)

Talvez por iso mesmo na minha memória, a geografia idiossincrática de Atenas se desenrole em torno de 3 eixos muito pessoais:



o Mono, restaurante maravilhoso onde a comida surge como um passaporte com salvo-conduto directo para o Olimpo, numa mistura equilibrada e estética entre a tradição e a modernidade.




as tartarugas na Ágora, refasteladas na relva recém regada, impassíveis à proximidade dos vários níveis de ocupação histórica e arqueológica do espaço circundante, à vizinhança da Acrópole e do templo mais bem conservado da Antiguidade. 5 carapaças em movimento lânguido, inesperadas no meio do peso histórico e seriedade do momento.



a memória da acrópole, espaço para mim mais real que o espaço material actualmente visitado, pois surge-me sem andaimes, sem guindastes, sem seguranças de apito como árbitros de futebol, nem calor capaz de derreter o mármore polido do chão.
O confronto entre o ícone e a imagem é sempre complexo e neste caso sei que opto definitivamente pelo ícone.

1 Comments:

  • At 23 junho, 2006 10:15, Blogger jordi said…

    De início pensei que os três eixos principais fossem os três molhos da primeira foto...

    Neste post radica um notável exemplo de uma reportagem honesta, sem mentiras, mas terrivelmente manipuladora da realidade, o que quer que "a realidade" represente.
    Com base nas tuas imagens toda a gente poderia pensar que a Ágora é um campo verdejante cheio de tartarugas e que tudo está lindo na Acrópole, composto num manjar deleitoso para os olhos e a alma dos viandantes mais dados à história e a estas coisas da suposta memória colectiva...

     

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