o tamanho de um abraço
free hugs campaign
Durante os dias que antecederam este exacto momento suspeitei sempre que um abraço era um acto de dilatação do tempo mais poderoso que qualquer outro. Ontem, porém, tive deste facto a certeza absoluta.
Nas sessões de formação teatral em que me tenho encontrado os exercícios são pensados para rompermos barreiras, criar coesão de grupo, desbloquear e desmecanizar o corpo. Têm sido fundamentais para a descoberta de um outro tipo de consciência adormecida no fundinho dos meus membros (bem junto ao dedo mindinho do pé esquerdo!)
Ontem o exercício inicial foi, aparentemente, mais simples que todos os anteriores. Uma ronda de abraços sentidos, longos, convictos, como se deles dependesse a expansão dos nossos múltiplos finais de dia.
10, 12, 14 abraços grandes, pequenos, gordos, magros, sonoros, silenciosos, meigos, sôfregos mas todos essenciais, cruciais e verdadeiramente imprescindíveis (ou assim os vivi eu).
E neste lento rodar de corpos que numa dança suave se abraçam nasceu todo um novo espaço e ambiente.
No encaixe dos corpos há qualquer coisa que se distende, que aquece, que transforma inexoravelmente aqueles que arriscam entregar-se. A esses a recompensa é o estado de felicidade apalermada em que se fica. A sensação boa de que o dia, nem que seja só por isso, já valeu a pena. Que estamos prontos para tudo. Que somos mais fortes, mais capazes, mais equilibrados.
E esta avassaladora sensação de gratidão/realização faz pensar como é possível que não nos abracemos mais.
Venham daí esses braços!
Etiquetas: abraços; teatro; liberdade; tempo
4 Comments:
At 26 outubro, 2007 00:31, Anónimo said…
Um abraço daqui.
:)
At 01 novembro, 2007 21:28, Fada da felicidade said…
olá!
Desculpa estar a perguntar assim, aqui, mas não encontro nenhum email, tenho andado à procura de cursos deste género, mais pós laborais, talvez me possas ajudar. Gostava de saber saber onde fazes essas aulas de expressão teatral.
se puderes responde para fadadafelicidade@gmail.com
obrigada
: )
At 05 janeiro, 2008 21:27, letra said…
o título e a foto fizeram-me recordar um programa de tv, o zapping. um dos momentos era o tiago rodrigues, com asas de anjo, a vaguear pela cidade e a oferecer 5 contos (acho que ainda foi no tempo do escudo..) a quem lhe dissesse gostar dele. sempre com a música da aimee man como fundo. havia quem recusasse e depois havia os que aceitavam declarar o afecto pedido. aí o tiago perguntava se o afecto era genuíno ou apenas comprado.. momentos fantásticos de tv. algo cada vez mais improvável.
um sorriso da
rita
At 08 setembro, 2011 23:36, aracinho said…
Abraços são bons. A ti já te dei alguns bem fortes e importantes (pelo menos para mim). Mas ao início era um pouco a medo, quando estes existiam. Acho que o primeiro que te dei mais sentido foi quando tiveste a notícia do pequeno A.
Pouco a pouco a vida tem nos aproximado e da incerteza e timidez, quando te dou um abraço, é sentido e procuro que seja caloroso. Já aconteceram daqueles fugidios que são os mais estranhos para mim. Ou eu ou tu não estamos à espera que venha dali o abraço e um braço aproxima um corpo que se está a ir embora e fica sem saber por vezes com reagir. Fica e "encaixa", ou afasta-se e o abraço transforma-se em algo fugaz.
Mas sabes que mais... eu gosto. Ficai bem
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