dias de neve
O reencontro com a neve é sempre um misto de excitação infantil e contemplação exaltada.
Há algo de irreal neste branco extremo que fere os olhos e veste o mundo de tons azulados, arredondando e adoçando as montanhas mais agrestes.
Avoriaz fica nos Alpes franceses junto à fronteira com a Suíça.
Aqui os carros não podem circular e toda a pequena aldeia de madeira se faz a pé, de esquis, de snowboard, de trenó ou de autocarro de lagartas.
A toda a volta, a cordilheira recorta-se contra o céu em picos enfarinhados a perder de vista.
Para quem vive, como nós, em países sem neve, o primeiro impacto é sempre apalermado e feliz.
Uma espécie de mergulho na aldeia do Pai Natal onde as compras se fazem enterrando os pés na neve fofa nas pequenas caminhadas que nos levam ao supermercado ou à padaria.
Os dias de esqui, esses, pertencem a uma outra dimensão de vivência da montanha, menos infantil e extasiada, em que o equilíbrio entre o medo e o prazer nem sempre se estabelece de forma fácil, mas que permitem o acesso a espaços de paisagem magnífica e tempos de deslizamento em que o movimento do corpo se torna leve e ondulado. (e o vinho quente, com especiarias, ajuda!)
1 Comments:
At 19 março, 2008 10:22, Anónimo said…
O "vin chaud" naturalmente que ajuda muito, mas aquele ruído do deslizar sobre neve acabada de cair, contrastado com o silêncio da montanha é algo de único e maravilhoso. Nenhuma actividade lúdica me dá tanto prazer. Depois aquela montanha branca, aqueles picos ora arredondados ora pontiagudos, o contraste repentino entre vales, falésias abruptas, geram uma amálgama de admiração, receio, prazer, mas um estado de alma inegualável. Aquela semana é o gozo e a aventura recheados de energia positiva, de uma paz saudável, que levanta o astral, alimenta o espírito e faz esquecer as dores do mundo (na procura do supremo equilibrio, as nossas por vezes aumentam...)
Bjs
Paimica
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