Löyly... FSSSSSSSS!!!!
Para os finlandeses a sauna é parte integrante da vida e uma prática de purificação quotidiana.
Existem no país cerca de 1 milhão e seiscentas mil saunas, praticamente uma para cada quatro habitantes, nas quais tomam parte todos os elementos da família (crianças pequenas, bebés e mulheres grávidas incluídas - tradicionalmente era na sauna que se dava à luz!).
Este é um espaço de sociabilização, sem qualquer conotação sexual apesar da nudez dos corpos, onde gente de todos os tamanhos e formatos partilha o espaço apertado e o calor intenso como uma benesse relaxante e revigorante com um carácter quase ritual.
As saunas familiares são mistas, as saunas públicas, que existem ainda na maioria das cidades, normalmente separadas.
Em Tampere frequentámos uma sauna pública. Na verdade, a sauna pública mais antiga da Finlândia ainda em funcionamento e como tal um espaço bastante sui generis e muito afastado da versão de madeira asséptica e moderna da maioria dos ginásios.
Aqui, numa casa de madeira pintada de amarelo que já tinha visto melhores dias, no bairro operário de Rajaportti, a sauna é ainda aquecida a madeira pelo que o cheiro a fumo inunda agradavelmente todo o local.
Para aceder, atravessa-se um pátio ao ar livre com gente embrulhada em toalhas sentada descontraidamente em bancos de jardim à vista da rua e de quem passa, bebendo cervejas e conversando alegremente, compra-se a entrada a um homem mal encarado com ar de porteiro de bar de má vida e segue-se para os vestiários, uma salinha de madeira pintada de azul com ar de escola primária antiga.
A sala de sauna fica depois da porta do fundo. Entrei a medo, e quando descobri que estava sozinha explorei o local procurando descortinar as regras a seguir. A sala, totalmente feita de alvenaria, partilha uma imensa fornalha com a zona dos homens. Nesta fornalha, que ocupa toda a parede, cozinha-se o calor que inunda o primeiro piso e que se destina ao nosso bem estar.
No piso de baixo, descendo três degraus, um tanque também comum tem água quente e fria para os banhos e várias conchas e baldes para as lavagens que antecedem e sucedem a suadeira tão desejada. No piso de cima (uma espécie de mezzanine com ar caseiro e enegrecida pelo fumo) um banco de madeira corrido rodeia as paredes e espera pelos participantes no ritual.
Sem ninguém para copiar procedi a uma lavagem inicial antes de subir, cheia de dúvidas se para o fazer a preceito deveria escolher algum dos recipientes de formas diversas que se encontravam no tanque.
Na sauna não são permitidos fatos de banho nem toalhas (à excepção duma pequenina para nos sentarmos). Aqui o corpo nú oferece-se sem resistências nem pudores ao calor benéfico. A toalha serve apenas para nos cobrirmos no pátio comum onde se descansa entre sessões.
O calor é verdadeiramente intenso, a fornalha faz bem o seu trabalho, e os primeiros minutos são de habituação um pouco difícil. O cheiro a fumo é mais intenso e mais agradável do que pensei e aos poucos uma sensação de relaxamento e de bem estar começa a invadir os membros. O suor forma-se e corre em gotas livres pelo corpo. O processo de desintoxicação teve o seu início.
Na zona dos homens o procedimento completava-se sem o meu conhecimento. O J., acompanhado de um senhor finlandês simpático mas sem falar uma palavra de inglês, respondia amavelmente que sim à pergunta incompreensível: Löyly?!
O senhor, solícito, desceu então os degraus, abriu a porta da fornalha e lançou nela duas vigorosas conchas de água para produzir vapor e mais calor.
Uma nuvem escaldante sai da fornalha e inunda todo o compartimento de cima.
No meu lado, alheia como estava do que se passava a paredes meias o sentimento foi de grande dúvida: o que é que está a acontecer? Fico, cozo viva mas aguento-me como uma mulher nórdica ou fujo sem honra nem glória?
Cozi.
Sentada, com as orelhas a escaldar e o nariz meio cozinhado, aguentei o impacto e, depois do pânico incial, comecei a perceber os seus efeitos.
Depois do sofrimento inicial a sensação de bem estar provocada por este aumento de calor é incrível. Um banho frio no compartimento de baixo e dez minutos de descanso no pátio a ver quem passa, são a conjugação perfeita.
Repetimos todo o processo 3 vezes e ficámos leves como penas, com as inquietações e preocupações deixadas bem cozidas algures na salinha de sauna.
Uma experiência a revisitar muitas mais vezes.
Existem no país cerca de 1 milhão e seiscentas mil saunas, praticamente uma para cada quatro habitantes, nas quais tomam parte todos os elementos da família (crianças pequenas, bebés e mulheres grávidas incluídas - tradicionalmente era na sauna que se dava à luz!).
Este é um espaço de sociabilização, sem qualquer conotação sexual apesar da nudez dos corpos, onde gente de todos os tamanhos e formatos partilha o espaço apertado e o calor intenso como uma benesse relaxante e revigorante com um carácter quase ritual.
As saunas familiares são mistas, as saunas públicas, que existem ainda na maioria das cidades, normalmente separadas.
Em Tampere frequentámos uma sauna pública. Na verdade, a sauna pública mais antiga da Finlândia ainda em funcionamento e como tal um espaço bastante sui generis e muito afastado da versão de madeira asséptica e moderna da maioria dos ginásios.
Aqui, numa casa de madeira pintada de amarelo que já tinha visto melhores dias, no bairro operário de Rajaportti, a sauna é ainda aquecida a madeira pelo que o cheiro a fumo inunda agradavelmente todo o local.
Para aceder, atravessa-se um pátio ao ar livre com gente embrulhada em toalhas sentada descontraidamente em bancos de jardim à vista da rua e de quem passa, bebendo cervejas e conversando alegremente, compra-se a entrada a um homem mal encarado com ar de porteiro de bar de má vida e segue-se para os vestiários, uma salinha de madeira pintada de azul com ar de escola primária antiga.
A sala de sauna fica depois da porta do fundo. Entrei a medo, e quando descobri que estava sozinha explorei o local procurando descortinar as regras a seguir. A sala, totalmente feita de alvenaria, partilha uma imensa fornalha com a zona dos homens. Nesta fornalha, que ocupa toda a parede, cozinha-se o calor que inunda o primeiro piso e que se destina ao nosso bem estar.
No piso de baixo, descendo três degraus, um tanque também comum tem água quente e fria para os banhos e várias conchas e baldes para as lavagens que antecedem e sucedem a suadeira tão desejada. No piso de cima (uma espécie de mezzanine com ar caseiro e enegrecida pelo fumo) um banco de madeira corrido rodeia as paredes e espera pelos participantes no ritual.
Sem ninguém para copiar procedi a uma lavagem inicial antes de subir, cheia de dúvidas se para o fazer a preceito deveria escolher algum dos recipientes de formas diversas que se encontravam no tanque.
Na sauna não são permitidos fatos de banho nem toalhas (à excepção duma pequenina para nos sentarmos). Aqui o corpo nú oferece-se sem resistências nem pudores ao calor benéfico. A toalha serve apenas para nos cobrirmos no pátio comum onde se descansa entre sessões.
O calor é verdadeiramente intenso, a fornalha faz bem o seu trabalho, e os primeiros minutos são de habituação um pouco difícil. O cheiro a fumo é mais intenso e mais agradável do que pensei e aos poucos uma sensação de relaxamento e de bem estar começa a invadir os membros. O suor forma-se e corre em gotas livres pelo corpo. O processo de desintoxicação teve o seu início.
Na zona dos homens o procedimento completava-se sem o meu conhecimento. O J., acompanhado de um senhor finlandês simpático mas sem falar uma palavra de inglês, respondia amavelmente que sim à pergunta incompreensível: Löyly?!
O senhor, solícito, desceu então os degraus, abriu a porta da fornalha e lançou nela duas vigorosas conchas de água para produzir vapor e mais calor.
Uma nuvem escaldante sai da fornalha e inunda todo o compartimento de cima.
No meu lado, alheia como estava do que se passava a paredes meias o sentimento foi de grande dúvida: o que é que está a acontecer? Fico, cozo viva mas aguento-me como uma mulher nórdica ou fujo sem honra nem glória?
Cozi.
Sentada, com as orelhas a escaldar e o nariz meio cozinhado, aguentei o impacto e, depois do pânico incial, comecei a perceber os seus efeitos.
Depois do sofrimento inicial a sensação de bem estar provocada por este aumento de calor é incrível. Um banho frio no compartimento de baixo e dez minutos de descanso no pátio a ver quem passa, são a conjugação perfeita.
Repetimos todo o processo 3 vezes e ficámos leves como penas, com as inquietações e preocupações deixadas bem cozidas algures na salinha de sauna.
Uma experiência a revisitar muitas mais vezes.
Etiquetas: viagem; férias; finlândia; sauna
3 Comments:
At 06 agosto, 2008 10:27, montanhacima said…
O verdadeiro "Cozido à Portuguesa".
At 07 agosto, 2008 10:42, anad said…
Oh que bela viagem. Temos uma nova receita.Susanita co vapor com legumes e molho fraiche.
Anad
At 12 agosto, 2008 14:40, Anónimo said…
Boa boa, tou a ver que o cozido à portuga correu bem. Agora por Cabo Verde, a sauna é mais para destilar...
a ver se o que te levo não destila tambem. Em principio passarei por ti dia 26 ou 27 para to deixar.
Beijos grandes e fica bem
Viajante na morabeza
Enviar um comentário
<< Home