Dias mãeores

um blog de mãe para recuperar o tempo perdido em dias sempre mais curtos que o desejado

domingo, setembro 26, 2010

Cou Cou



Cou Cou! Ah!
Cou Cou, não está,
Cou Cou, olha, está aqui!
Cou Cou, olha, já não está!
Uma primeira experiência teatral para bebés, num espectáculo de movimento e cor que surpreende os mais novos.
Cie Jardins Insolites/França/Portugal
No teatro Maria Matos


Já tinha gostado bastante da experiência anterior com esta companhia no 1,2,3...Cores, mas hoje acho que gostei ainda mais. Apesar de anunciado dos 0 aos 15 meses esta é na verdade uma peça que dá para crianças até aos 3 ou 4 anos pois a simplicidade e poesia que a constroem encontram nestes meninos mais velhos ecos que lhe conferem outros sentidos, quem sabe, se não bem mais profundos justamente por ser dirigida, aparentemente, aos mais pequenos. O A. esteve estático todo o tempo perante os gestos e pequenos quadrados de cores que povoavam a brevíssima narrativa deste momento teatral. A actriz-bailarina em meia dúzia de palavras e objectos prendeu-lhe de tal forma a atenção que me atrevi a nunca lhe dizer nem explicar nada durante todo o tempo para não estragar a magia daquela concentração tão dedicada. Na primeira fila, sentado direitinho no seu quadradinho laranja, o A. nunca se virou para trás, nunca fez uma pergunta, nunca se distraiu. E no fim, depois de ter aplaudido veementemente, vira-se então para mim com os olhos brilhantes de contentes e afirma sem ninguém lhe ter perguntado nada: eu gostei mamã! eu gostei!

E eu gostei que ele gostasse, gostei de confirmar que se fazem óptimos espectáculos para crianças sem pretenciosismos nem fogos de artifício desnecessários, gostei da sua atenção e autonomia, gostei de sentir que dentro dele amadurecem ideias e gostos que lhe dão forma ao mundo, gostei de participar nesse crescer fascinante, e gostei de até hoje nunca ter hesitado em levá-lo a espectáculos mesmo que a idade não correspondesse exactamente à sua (para mais e para menos).

E gostei de o ver satisfeito a dar um beijo à actriz de mote próprio e a apanhar os papelinhos amarelos do chão para levar ao amigo que fazia anos, duas provas de que ali, naqueles escassos 30 minutos, o momento teatral se cruzou verdadeiramente com a sua vida e o seu universo familiar.

Pena não ser possível descarregar as fotos que existem do espectáculo pois esta não faz jus ao que por lá se pode ver.

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