Dias mãeores

um blog de mãe para recuperar o tempo perdido em dias sempre mais curtos que o desejado

quarta-feira, abril 26, 2006

25 de Abril sempre


ficus macrophylla


Acordei com a frase viva a liberdade presa nos lábios, ansiosa por se soltar no sol da manhã.
Olhei-te por isso com olhos de princípio de dia, renovados, ansiosos e sussurrei várias vezes como quem recita baixinho: viva a liberdade, viva a liberdade, viva a liberdade.

Há coisas que se devem dizer assim, muitas vezes, como um pequeno mantra, para não esquecer, para saborear as palavras e fazê-las redondas na boca.
Amaciando-as sem as deixar perder o que têm de força e de contundência.

Há tanta força nas coisas redondas!
Plenas, cheias, prestes a explodir!

E o dia decorreu depois sob este sol glorioso, inundado de luz, com a revolução a correr ao fundo, na avenida da Liberdade e nós escondidos (meio culpados...) no meio do verde do Jardim Botânico onde outras lutas silenciosas se travam contra o esquecimento e a decadência.

Encostados, quietos, a ouvir a respiração do mundo vegetal e a chilreada festiva, com os remorsos a corroerem as entranhas de cada vez que se escutavam os tambores e as palavras de ordem das lutas que se travavam lá em baixo, a caminho dos Restauradores e do Rossio, (lembrando outras que se travaram ali tão perto, no Terreiro do Paço, no Largo do Carmo e em que não estivémos, como não estávamos nesta).

Sem cravos vermelhos na mão nem na lapela (pela primeira vez em tantos 25 de Abril) mas agarrados a uma ficus macrophylla exuberante, poderosa e metafórica na sua forma de lançar raízes em seu redor, tão fortes e grossas que estrangulam tudo o resto.

A beleza pode esconder coisas terríficas.
É preciso manter os olhos bem abertos!
Cuidado Casimiro!

(e de novo o sussurro: viva a liberdade, viva a liberdade, viva a liberdade)

sexta-feira, abril 21, 2006

cinema independente



Sinto-me orgulhosa da capacidade empreendedora das pessoas que criaram e alimentaram o Indie Lisboa desde o primeiro momento e o tornaram, em apenas 3 edições, um evento de proporções consideráveis com uma qualidade e projecção admiráveis. Deixo por isso aqui o convite para a 3ª edição do Indie Lisboa que se iniciou ontem e dura até dia 30.

E já agora, se puderem, não percam o filme ME AND YOU AND EVERYONE WE KNOW de
Miranda July, uma história simples, delicada e bonita cheia das fragilidades da vida e das relações que construímos à nossa volta.

Tenham um fim-de-semana maior.

quarta-feira, abril 12, 2006

Com as mãos



... atamos as pontas do mundo!

segunda-feira, abril 10, 2006

Redes









As redes e os laços tecem as teias que nos prendem ao mundo, aos dias, aos outros, a nós.
Mudar de casa é também mudar de rede e implica por isso construir novos hábitos, delinear novas geografias pessoais, novos mapas.
Felizmente há redes que nunca desaparecem, as antigas, aqueles cujos nós e os laços se tornaram já raízes fundas de sustento inquestionável.
Obrigado a todos os que me têm ajudado a não perder o norte e a servir de ligação à terra neste tempo de mudanças.

Quanto às redes suspensas, como esta da foto, infelizmente estão confinadas a uma gaveta pois não cabem na geografia reduzida do novo lar.
À espera.
Exalando o cheiro a mar e Brasil de cada vez que espreitamos o armário.
Invocando chamamentos de dias verdadeiramente maiores.