free hugs campaignDurante os dias que antecederam este exacto momento suspeitei sempre que um abraço era um acto de dilatação do tempo mais poderoso que qualquer outro. Ontem, porém, tive deste facto a certeza absoluta.
Nas sessões de formação teatral em que me tenho encontrado os exercícios são pensados para rompermos barreiras, criar coesão de grupo, desbloquear e desmecanizar o corpo. Têm sido fundamentais para a descoberta de um outro tipo de consciência adormecida no fundinho dos meus membros (bem junto ao dedo mindinho do pé esquerdo!)
Ontem o exercício inicial foi, aparentemente, mais simples que todos os anteriores. Uma ronda de abraços sentidos, longos, convictos, como se deles dependesse a expansão dos nossos múltiplos finais de dia.
10, 12, 14 abraços grandes, pequenos, gordos, magros, sonoros, silenciosos, meigos, sôfregos mas todos essenciais, cruciais e verdadeiramente imprescindíveis (ou assim os vivi eu).
E neste lento rodar de corpos que numa dança suave se abraçam nasceu todo um novo espaço e ambiente.
No encaixe dos corpos há qualquer coisa que se distende, que aquece, que transforma inexoravelmente aqueles que arriscam entregar-se. A esses a recompensa é o estado de felicidade apalermada em que se fica. A sensação boa de que o dia, nem que seja só por isso, já valeu a pena. Que estamos prontos para tudo. Que somos mais fortes, mais capazes, mais equilibrados.
E esta avassaladora sensação de gratidão/realização faz pensar como é possível que não nos abracemos mais.
Venham daí esses braços!
Etiquetas: abraços; teatro; liberdade; tempo