Miminhos

Guido Van Genechten

Este é o novo momento de leitura antes de dormir cá de casa e dá direito a um round de miminhos deliciosos e para todos os gostos! É uma espécie de livro com brinde!

Eis o que diz a casa da leitura

Outono

Mercedes Sosa

Romperá la tarde mi voz
hasta el eco de ayer
voy quedándome sólo al final
muerto de sed, harto de andar
pero sigo creciendo en el sol, vivo... Ler mais

era el tiempo viejo la flor
la madera frutal
luego el hacha se puso a golpear
verse caer, sólo rodar
pero el árbol reverdecerá, nuevo

Al quemarse en el cielo la luz del día, me voy
con el cuero asombrado me iré
ronco al gritar que volveré
repartida en el aire al gritar, siempre

Mi razón no pide piedad
se dispone a partir
no me asusta la muerte ritual
sólo dormir, verme borrar
una historia me recordará, vivo

veo el campo, el fruto, la miel
y estas ganas de amar
no me puede el olvido vencer
hoy como ayer, siempre llegar
en el hijo se puede volver, nuevo

um ano depois

Lembro-me tão bem do nervoso miudinho.
De dicutirmos os dois por não conseguirmos colocar o "ovo" no carro e acharmos que isso era um péssimo sinal.
De esperarmos pelas senhoras da Santa Casa na esplanada do Largo da Igreja, com o chá enrolado na garganta como se fosse uma coisa sólida.
Da casinha onde estavas alojado.
Dos meninos a espreitarem pelos corredores e dizerem-nos bom dia numa excitação nervosa.
Da salinha cheia de cores, bonecos e brinquedos onde esperámos ansiosos.

E depois vimos-te.
Pequenino, vestido de amarelo, sorridente e bem disposto, muito mais lindo do que nos nossos desejos e projecções tínhamos imaginado.
E não há forma de descrever o que senti quando vieste para o meu colo e te vi confortável e feliz como se sempre ali tivesses estado.
Não paraste de sorrir e palrar o tempo todo.
Para mim, para o pai, como se soubesses quem éramos e nos dissesses agora está tudo bem, agora estamos finalmente todos juntos.

O cosmos é bem mais sábio do que por vezes queremos acreditar.

Certeza

Se é real a luz branca
desta lâmpada, real
a mão que escreve, são reais
os olhos que olham o escrito?

Duma palavra à outra
o que digo desvanece-se.
Sei que estou vivo
entre dois parênteses.

Octavio Paz, Antologia Poética

tempos significativos

Bem sei que isto tem andado completamente parado. A minha adesão ao facebook ocupou o tempo que tinha para dedicar ao blog e este espaço foi ficando assim, suspenso no tempo, numa hibernação forçada e fora de época.

Mas os tempos que decorreram não foram de pouca importância. Novas datas decorreram a marcar momentos essenciais neste processo de maternidade tão longo. Dia 17 foi finalmente a audiência em tribunal. Legalmente isso conclui o processo mas dá início a mais umas andanças burocráticas, uma vez que só após a chegada da sentença a casa podemos finalmente tratar da papelada que torna o A. nosso filho perante os olhos da lei (sim, que aos olhos do mundo e do coração, isso já aconteceu há muito tempo atrás).
Prossegue por isso a espera e mais uma vez a caixa do correio se torna esse espaço parideiro das boas notícias!

Provavelmente em Novembro devemos ter cédula de nascimento, cartão de cidadão e cartão do centro de saúde para o nosso filho como quaisquer outros pais por esse país fora!

Ah, e dia 26 de setembro fez um ano que soubémos que íamos ser pais!
Parece que foi tudo há uma vida inteira atrás.
Neste momento não sei sequer como era viver antes do pequenino A. ter entrado nos nossos dias.
Ai abençoada maternidade!!!