Dias mãeores

um blog de mãe para recuperar o tempo perdido em dias sempre mais curtos que o desejado

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

passagens









Há sempre várias formas de ver a mesma coisa.
Hoje, estes já não são buracos negros mas zonas de passagem e contacto.
Interstícios entre mundos.
Promessas de luz.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Buraco negro



"Dói-me a cabeça e o universo!"

Fernando Pessoa

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

as mãos e o mundo





As mãos que tricotam fazem e desfazem o mundo, tecendo memórias, desfiando pensamentos no fio que corre sobre o dedo, no tic tic das agulhas que tocam uma na outra, na atitude ensimesmada da tricotadeira, nas ideias soltas que se atam e desatam nos nós da matéria em crescimento.

Carreira a carreira.

Ultimamente redescobri o prazer meditativo de fazer nascer o mundo do movimento ritmado das mãos.
Como uma Penélope, fazendo e desfazendo a memória enquanto espero cada rotação da terra.
Atenta, absorta, perdida no discorrer das malhas.
Como um ritual retemperador.
Um bálsamo para o correr dos dias.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Senhoras perguntas!


Tempestade Num Copo de Água
Espectáculo de teatro e atelier de interrogações filosóficas

de Hanneke Paauwe (Bélgica)
com Célia Fechas e Inês Barahona
10 FEVEREIRO
10h00 e 16h00 para grupos escolares
21h30 grupos escolares nocturnos e todo o público

Porque derrete o pensamento? O nosso cérebro é o céu dos pensamentos?
Quando um pensamento escorrega transforma-se numa pergunta?
Quem inventou a primeira pergunta? E perguntou o quê? O que é que um caracol tem a ver com um ponto de interrogação?
Há perguntas escondidas no nosso corpo?
Qual a pergunta que mais gostaríamos que nos fizessem?
O que é que não temos coragem para perguntar?
Nesta oficina de pensamentos, as perguntas geram mais
perguntas, à medida que se escrevem no papel, se derretem no
mar se enrolam num caracol, ou se descobrem no corpo.


Cada sessão tem a duração de 1h30. Inicia-se com a apresentação “Tempestade num Copo de Água” e continua com um atelier de interrogações filosóficas, “Senhora Pergunta”.

LOCAL Tzero, Praça do Município, Torres Vedras
PÚBLICO ALVO jovem/adulto > 10 anos
PREÇO 3 EUR jovens até 16 anos, 5 EUR adultos
LOTAÇÃO 30 pessoas

Informações e reservas
Transforma AC/ Tzero Espaço de Cultura
tel +351 261 336 320
fax +351 261 336 322
net www.transforma-ac.com
e-mail info@transforma.mail.pt


Quando vi isto não resisti a divulgar.

E fiquei a pensar, qual seria a pergunta que mais gostava que me fizessem?
E vocês?

5 confissões mais que hábitos

Aqui vai a resposta ao desafio do Druantia.



1. Leio sofregamente como quem sorve as palavras. Só o sei fazer assim de forma sôfrega, ávida. Durmo por isso menos do que deveria muitas das noites, pois preciso de roubar às horas de sono as viagens possíveis pelo mundo mágico da literatura.

2. Sempre tive medo do escuro e dos monstros debaixo da cama. Durmo com a luz acesa sempre que estou sozinha, embrulhada, como num casulo.

3. Olho diariamente para as coisas de forma fotográfica. Enquadrando, isolando, roubando fiapos da poesia do mundo. No metro, no comboio, nos corpos e nas palavras dos outros (que oiço com dissimulado desinteresse para depois me pôr a fazer histórias e filmes).

4. Não gosto de andar em casa com os sapatos da rua. Gosto de libertar a casa do lastro do mundo.

5. Habito espaços de luz e cor. Preciso de me rodear de claridade e harmonia, por isso não consigo deixar de intervir em todos os espaços por onde ando (obsessivamente, nos meus espaços e nos dos meus amigos!). Na minha casa também ardem incenso e velas, há paredes laranja e amarelas e plantas que crescem desmesuradamente como fenómenos do Entroncamento.

Gostava de desafiar:
Volúpia Azul
Double Vie de Veronique
Montanhacima
Papéis por todo o lado

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

shhhhhhhhhá ... e murmúrios



"Bebo chá para esquecer o ruído do mundo."
Tien Yi-Heng

... tenham um fim-de-semana de silêncios aromáticos e cálidos.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Auto-retratos



Ah quantas máscaras e submáscaras,
Usamos nós no rosto da alma, e quando,
Por jogo apenas, ela tira a máscara,
Sabe que a última tirou enfim?
De máscaras não sabe a vera máscara,
E lá de dentro fita mascarada.
Que consciência seja que se afirme,
O aceite uso de afirmar-se a ensona.
Como criança que ante o espelho teme,
As nossas almas, crianças, distraídas,
Julgam ver outras nas caretas vistas
E um mundo inteiro na esquecida causa;
E, quando um pensamento desmascara,
Desmascarar não vai desmascarado.

Fernando Pessoa, Poemas Ingleses