Dias mãeores

um blog de mãe para recuperar o tempo perdido em dias sempre mais curtos que o desejado

sexta-feira, junho 29, 2007

momentos mágicos





Quando acordo de manhã nunca sei bem o que apanho na rede.
Hoje calhou-me um pedaço intenso de luz!


quinta-feira, junho 28, 2007

vai de roda


quanto dura a vertigem do prazer da dança?
e a memória do balanço do corpo?
como se medem as teias do movimento em rodopio?
para a dora

terça-feira, junho 12, 2007

adultície


Quando era pequena as vacinas eram um medo permanente.
Pela dor da injecção, pelo temor do desconhecido, pela vergonha pública que era estar no posto de vacinas com todos os miúdos lá da rua e não conseguir segurar as lágrimas, pelo pudor de mostrar o rabo para a injecção com toda a gente conhecida a ver (que seja no braço, que seja no braço, desejava muitas vezes sentada na sala de espera a olhar os outros miúdos, provavelmente a desejarem o mesmo).
Ainda me lembro por isso do dia em que a vacina foram só três gotas na língua e o mundo me pareceu maravilhoso.

O posto era longe de casa, tinha azulejos típicos dos anos 70, com grandes figuras geométricas e cartazes infantis nas paredes.
Lá fora, um descampado cheirava a mato seco e acentuava a angústia de quem espera.
Há visões que nunca perdi e esse mato amarelo, restolho quebradiço a dobrar-se ao vento, era a imagem perfeita da vontade de fugir.

Por tudo isto o boletim de vacinas funcionava como uma lista de condenações.
Nele, escritas a cores várias, surgiam as datas marcadas para os suplícios futuros.
Um destino ineludível e anunciado.

Neste boletim, no entanto, residia também a única forma de redenção possível.
Algumas datas sugeriam momentos tão distantes no tempo que me enchiam de uma esperança tonta de já ser tão crescida nessa altura que não teria medo da vacina.
Eram uma espécie de prova de crescimento que me convenciam de que o medo era coisa pueril que o passar dos anos se encarregaria de dissipar.
Na verdade, praticamente nenhum adulto que eu conhecesse levava vacinas e, seguramente, se o fizesse não parecia tremer de medo e de ansiedade.

No liceu passei uma vergonha tremenda no posto médico por causa do teste da tuberculina (arranjei todas as desculpas para poder não ir vacinar-me com a minha turma mas não me safei de um mau bocado difícil - os adolescentes não são alvo da compaixão das enfermeiras como as criancinhas!)
Na faculdade as vacinas voltaram e o medo manteve-se incólume.
O ano 2000, uma das datas maravilhosamente distantes que habitava o meu boletim de infância, mostrou-me que o medo só se controla mas nunca desaparece.

A vergonha, essa aumenta exponencialmente e alimenta, inexoravelmente, o mito da adultície.

domingo, junho 10, 2007

olhó balão












quarta-feira, junho 06, 2007

mundos criativos







às sextas a Fundação transmuta-se.
E esta mudança, por vezes subtil, quase distraída, prolonga-se pelo fim-de-semana dentro convidando a uma forma de estar diferente no verde do parque.
O conforto invade bancos, relvados, margens e recantos sob a forma de almofadas coloridas e toldos exuberantes. Há jornais e livros de todo o mundo, concertos no meio do bosque, artes marciais no anfiteatro.
Escondidas no meio das árvores as oficinas criativas constroem jardins portáteis, tecem nas árvores, mapeiam o mundo, criam árvores de desejos, desfiam histórias.
Assim se povoam os meus fins-de-semana até 8 de Julho.
Assim gostava que se povoassem os vossos.
Venham daí... há utopias que só esperam as vossas mãos para tomarem forma!
E dias maiores como convém.