A relação entre uma sinopse e um filme é sempre difícil.
Invariavelmente o universo das palavras falha na sua missão de descrever o das imagens, ora por excesso, ora por defeito.
E nada é mais verdadeiro neste filme em que todas as sinopses escritas fazem adivinhar uma história de amor banal quando as imagens fílmicas constroem um mundo de uma poesia e subtileza que não se revê nessa descrição.
A educação das fadas é um filme mágico.
Não no sentido fantasioso embora fale de fadas, mas porque transcende a realidade humana naquilo que ela tem de mais poético, de mais verdadeiro, de mais bonito, abordando os sentimentos de uma forma tão tocante e intimista que contagia a plateia.
Não saberia contar esta história.
Não há nada de verdadeiramente contável e talvez por isso mesmo as descrições do filme pequem todas por um discurso de banalidade e lugar comum.
E no entanto, a palavra comum surge aqui de forma ambígua.
São pessoas comuns estas, tais como as fadas que o são e não o sabem e vivem vidas de mulheres normais, quotidianas, nesse não saber. Mas são também incomuns na teia de relações que tecem entre si e nos diálogos magníficos que desenham nessa teia.
Só sei que há muito tempo que não saía tão completa de uma sala de cinema.
Não procurem muita
informação, não se deixem levar pelas sinopses disponíveis por aí, vejam o filme e depois contem-me como foi.