5 meses
5 meses, 7,090kg e 66 cm
Sentado no sofá como gente grande!
Custa-me admitir mas é verdade: este blogue passou a ser quase exclusivamente um espaço de mãe babada (confesso que é difícil ter outros assuntos agora que passo os meus dias a cuidar em permanência deste pequeno ser).
A maternidade transforma as prioridades e o olhar torna-se mais especializado.
Neste bairro, onde as casas são caríssimas e abundam os condomínios privados, não existe um único espaço verde, um parque infantil, uma zona de descanso e lazer para mães e crianças. A maioria dos cafés continua a ter casas-de-banho minúsculas, não existem fraldários em quase nenhum sítio e os passeios são verdadeiros percursos de obstáculos.
É fácil compreender a fórmula de sucesso dos centros comerciais que oferecem um simulacro de vida perfeita e facilitada.
Não admira por isso que as pessoas prefiram passar as suas tardes a deambular de loja em loja, dentro destas réplicas fechadas (e seguras!?) do mundo exterior que são todas as grandes galerias comerciais, do que a fazer gincanas pela cidade com os seus carrinhos concebidos para países sem calçada à portuguesa e onde as rampas são uma realidade corriqueira.
Por tudo isto, há muito que para os pequenos passeios diários abandonei o carrinho como meio de transporte e adoptei o sling para melhorar e facilitar a minha mobilidade.
Com o carrinho, entrar e sair do elevador do nosso prédio é uma aventura, andar na rua uma prova de perícia, apanhar o metro ou outro meio de transporte uma prova de esforço e um teste à capacidade de solidariedade e paciência dos restantes cidadãos.
Revolta verificar o quanto os nossos espaços urbanos crescem sem nexo e exclusivamente voltados para a mobilidade automobilizada. Como se apenas o automóvel pudesse dar-nos o verdadeiro poder da liberdade de movimentos.
E com isso os nossos bairros crescem desumanos, feios e disfuncionais.
Que cidadãos queremos então que neles habitem e maturem?!
Etiquetas: maternidade: mobilidade