Dias mãeores

um blog de mãe para recuperar o tempo perdido em dias sempre mais curtos que o desejado

terça-feira, setembro 27, 2005

Ir ao museu!!!



Com a rentrée os museus lançam os novos programas de actividades.
Aqui vão duas boas sugestões no Centro de Arte Moderna, a não perder!
Venham daí que os museus já não são o que eram, são bem mais divertidos e animados!



ideias irrequietas - histórias em andamento
um dragão na banheira


Uma onda entrou pela porta do museu e trouxe-nos um dragão marinho. Terá que viver agora numa banheira. Será amigo de um outro dragão pintado, de uma colecção. De binóculos vamos todos espreitar esta grande confusão!

Idades 2 aos 4 anos + 1 adulto
Nº de participantes 10 crianças
2 Out. – 11h00 às 12h00
Preço: 4€/criança

Idades 5 aos 7 anos
Nº de participantes 12
2 Out. – 15h30 às 17h00
Preço: 4,5€
Requer marcação prévia para o número 217823477



Elementar, meu caro Amadeo!

E se alguém nos deixasse uma arca mistério e um enigma para resolver? E se essa arca tivesse quase 100 anos e pertencesse a um pintor muito importante do museu? Através da análise das obras, da leitura de cartas e da descoberta de pistas, os participantes são convidados a solucionar um problema-chave e a construir universos e narrativas imaginárias.

Idades 6 aos 10 anos
Nº de participantes 12
1 Out. – 15h30 às 17h00
Preço 3,5€/participante
Requer marcação prévia para o número 217823477

Se quiserem saber mais ou efectuar a marcação on-line consultem www.camjap.gulbenkian.org

plano inclinado




... a caminho do mar.
A ver se lavamos as máguas.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Reflexão




"A ética é estar à altura do que nos acontece".
G. Deleuze

Olhando à volta para os furacões Katrina, Rita e Felgueiras (to name only few) temos muito que reflectir... ou muita falta de ética.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Histórias absurdas



À beira do lago, ondulante e bonacheirão, o anjo oscilava com a brisa da tarde.

Pés na água, slap, slap, salpicando ao de leve as rãs mais próximas e assustando o achigã gordo, o anjo sussurrava onomatopeias de ruídos de bichos como quem canta uma ladaínha.

MMMMMMmmmmmmmmm,rrrrrrrr,sss,,crrrrriiiiicc,
ffsshhhhhhshhhh,ccuuuuucuuuurrrrruuuuuuuu,ccccrrreeeccccc,
pppiiiiiuuuuuuuu,zzzzzzzzzzzzz....

E neste embalo, quando todos os bichos já tinham entrado em transe e meditavam atingindo o Nirvana, o sol desapareceu no horizonte e o anjo foi chamado para o jantar.
Sccchhlllerrppp, sccchhhhlerrrpppp
Sooopinhaaaaa...

VVVVVuuuuuuuuuuuttttttttt...
som de asas na brisa noctura.
Súbitas e hipnotizantes.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Por um corredor verde




Passeio de bicicleta da Torre de Belém ao Parque Tejo, Trancão (Parque das Nações)
18 de Setembro, 9h30, junto da Torre de Belém
Inscrições no GEOTA (geota@geota.pt Tel. 21 3956120)
Inscrições gratuitas.
A inscrição dá direito a um brinde, mas não inclui a bicicleta.
Podem alugar uma através do GEOTA.

Venham pedalar!
Por um corredor verde para Lisboa!

Tenham um fim-de-semana maior...

terça-feira, setembro 13, 2005

tempo de safra



Durante anos mergulhei nas vindimas como uma forma de conhecimento.
O contacto com a terra, a rudez dos gestos, a fadiga dos membros. Corpos dobrados sobre si mesmos horas a fio na repetição mecânica do gesto de cortar, recolher, colocar, calcar.
O breve alívio das costas no carrego dos cestos, ladeira acima, com o peso que cresce ao longo do dia, fazendo-se maior e mais duro à medida que o sol baixa e o vermelho tinge as parras e cepas esvaziadas.
A dureza do trabalho acordava em mim sensações antigas.
O balanço dos corpos no tractor, o frio matinal a arrepiar a pele dos braços, as cicatrizes nas mãos, as cantigas e ladainhas de trabalho, o desfiar das memórias.
E o cansaço dorido que me habitava o corpo em cada dia dava-me uma sensação de realidade, de pertença, de vida, que me mantinha acordada e desperta para as coisas e para o mundo, detentora de uma centelha de saber que me aproximava da terra e dos seus segredos.

Uma sensação que perco aos poucos nos dias que correm e que me deixa saudades no corpo e na alma (essas ferramentas primordiais).

sexta-feira, setembro 09, 2005

escritas II ou sugestão de fim-de-semana



Há quanto tempo não escreve um postal?

quinta-feira, setembro 08, 2005

Escritas



Desde que os teclados nos invadiram a vida que a escrita nos surge assim amarrada ao tec tec ritmado dos dedos a martelarem o plástico.
Reconhecemos-lhe os estados de alma pelo som que faz esta percussão semi-intencional.
As hesitações e reflexões feitas silêncio, os sussurros breves frases rítmicas em tons mais calmos.

No meu caso, mais que o preencher sucessivo do écran, é o som e a materialidade das teclas que me orienta o pensamento.
O movimento dos dedos a invocar esse momento da intenção inicial que antecede a construção da palavra mas que encarna já o deslizar do pensamento.
E neste contacto frio com o som seco das batidas talvez tenha vindo a perder a liquidez aquática e quase incorpórea da escrita desenhada à mão, leves arabescos deslizando sobre o papel.
Ganhei no entanto força, raiva, intenção, reforçada pela luta constante das ideias com a matéria das teclas que bloqueiam e impedem a progressão do movimento iniciado: uma barreira cuja função é imprimir o pensamento no branco virtual do monitor, tornando-o visível e real(?).
E é curioso pensar como a original dança das letras desenhadas sobre o papel, a tinta que desenha a palavra sobre a matéria se transformaram assim num movimento de ataque compulsivo e ruidoso para gerar um texto cuja realidade é no fundo perfeitamente virtual.

A subversão das regras ou o fechar do ciclo?

Felizmente que o discurso, a linguagem e as palavras resistem a tudo.
Reiventando-se em cada um dos mundos.
Capazes de nos surpreender mesmo nos meios mais hostis.

Obrigado Aharat por me teres posto a pensar nisto no comentário a um post anterior!

terça-feira, setembro 06, 2005

Curvas e contra-curvas









Carris sobre as águas

O dia começou ventoso por aquelas paragens e a costa, magnífica e agreste, oferecia poucos refúgios.



Enveredámos por isso por novos caminhos poeirentos, a terra amarela misturada com o cheiro intenso e resinoso das estevas a tingir todo o ar à nossa volta, em nuvens e remoinhos alvoroçados, à procura de um canto mais ameno para esticar as pernas e descansar ao sol.

A praia da Carriagem, avistada do cimo da arriba sulcada de trilhos, foi uma surpresa povoada de curvas rochosas pelo mar adentro.



Afloramentos, pregas, sulcos, filões, vastas superfícies enrugadas, amassadas e agrestes sobre o areal e as águas encrespadas.
Um universo fantástico e avassalador que lembra o início dos tempos, quando a terra cuspia aos borbotões as suas entranhas e se sacudia como um animal inquieto.





Uma praia de carris desenhados sobre as águas e as areias em trilhos que nos levam às voltas ao interior deles próprios.



Prova de que a natureza se escreve em espirais e poderosas curvas onduladas.

segunda-feira, setembro 05, 2005

Símbolos ao fresco



Símbolos magnéticos para esconjurar fantasmas!
Para um frigorífico cheio de boas invocações e quatro belas estações.
Tudo fresquinho como convém (para acompanhar os amigos!)

Dragões e outras questões


Imagem: www.bronka.com.br

Sobre a verdade científica...
Um texto a ler na Barriga de um arquitecto.

Eu acredito no dragão!

quinta-feira, setembro 01, 2005

momento de pausa



Leve aragem de fim de tarde na água morna do sol para reforçar as raízes que nos prendem ao mundo.
Suave sopro.
Verdes murmúrios...