Dias mãeores

um blog de mãe para recuperar o tempo perdido em dias sempre mais curtos que o desejado

terça-feira, maio 31, 2005

Sussurro




" A meio da noite verte,
no ouvido de seus amantes,
três gotas de luz fria."

Octavio Paz

A arte e o tempo






Um convite à reflexão sobre a permanência e a impermanência.


E já agora um segundo convite, espreitem aqui, o novo site do Centro de Arte Moderna.

segunda-feira, maio 30, 2005

Molho para início de semana

.

Molho de saladas

azeite
shoyo (ou molho de soja normal embora fique melhor com o 1º)
sumo de limão
ervas frescas (orégãos, coentros, tomilho, mangericão, etc.)
um dente de alho esmagado

deitem o azeite numa tijela, juntem o shoyo (as quantidades são sempre variáveis em função do gosto de cada um mas atenção que o shoyo é muito salgado), as ervas frescas bem cortadinhas, o alho esmagado (mas não desfeito em pedaços) e o sumo de limão.
Mexam bem, provem para ver se está a gosto e usem no que quiserem...
Fica tudo incomparavelmente melhor se os ingredientes forem todos biológicos e o pão para molhar no molho, caseirinho como convém.

Sei que não era bem isto que esperavam deste blogue mas na verdade um bom molho de saladas também pode fazer um dia tornar-se maior, sobretudo se for para partilhar com um grupo de amigos em amena cavaqueira à volta da mesa.
Até amanhã.

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sexta-feira, maio 27, 2005

Ode em prol do inconformismo



Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

Mário-Henrique Leiria


Não sejam nêsperas desprevenidas e conformistas!
Tenham um fim de semana maior!

quarta-feira, maio 25, 2005

à sombra II



"Tout ce qui est intéressant se passe dans l'ombre...
On ne sait rien de la véritable histoire des hommes."

Céline

Pelos visto a Lourdes Castro há muito que já sabia disto!
Assombrem-se!!!

A gente não come do ver



"- É questão de pico. Não concordas? Eu não tenho alma de deixá-lo fazer em pedaços. Do alto dele avista-se meio mundo...
- Ah, lá isso avista! Quantas vezes eu não subi derriba dele a botar os olhos: onde andará aquele homem? Mas a gente não come do ver.
- A gente não come do ver mas alegra-se. É como varrer teias de aranha da alma. Trepei lá acima esta manhã. Lá longe, a serra da estrela nem sei que parece... uma gigantona que se cobriu com uma capucha e se deitou ao comprido, cabeça para a Guarda, pés para o mar. Fita a gente, como se a gente olhasse para ela."

Aquilino Ribeiro em Quando os lobos uivam


Estas linhas vão para o meu irmão, que sobe montanhas como quem desempoeira a alma, a botar olhos pelo mundo.


confissão: a fotografia não é minha, foi tomada de empréstimo algures na net.

terça-feira, maio 24, 2005

A intimidade



Hotel Tomilho é uma peça curiosa que nos confronta com o desconforto, a intimidade, a estranheza e a nostalgia.
A mim o que mais me ficou foi este contacto íntimo, quase opressor com universos pessoais de personagens sui generis e intensos, quase loucos.
Uma vez enredado nas histórias, contadas na primeira pessoa por cada um dos infivíduos que habita o estranho hotel, o espectador deixa de ser só isso mesmo, um espectador, para se tornar cúmplice e participante.
Se aceitarmos o desafio não há como fugir a este momento de proximidade forçada, quase promíscua, com um desconhecido que nos conta a sua vida exigindo envolvimento, reacção, entrega.
Há histórias tristes e alegres, cómicas e trágicas, compreensíveis e incompreensíveis. Nem todas envolvem nem agradam, mas todas tocam numa tecla qualquer da nossa forma de sociabilidade: a perfeita divisão entre o público e o privado.
Aqui, onde esta fronteira se dilui, se alarga, se confunde, o nosso papel é posto em causa, violentado mesmo.
É preciso vencer o medo e entregar-se, ver para além da anedota, da historieta, do absurdo.
Os malões que todos transportamos, aparentemente vazios, que batem nas pernas e nas paredes, tolhem os movimentos e estorvam escada-acima-escada-abaixo, não serão mais que os preconceitos, desconfortos e receios que sempre levamos connosco.
E é preciso refazê-los, reinventá-los, dar-lhes novas formas à medida que a viagem decorre e o nosso espaço no Hotel se vai construindo de deambulações e histórias alheias.

Quando, num dos quartos, me enfiei no duche com a moça que desfiava o rosário da sua vida, o desconforto provocado pela proximidade excessiva (alguém que me olhava e sussurrava a 5 cm de distância) deu lugar a uma profunda cumplicidade.
E, estranhamente, no fim daquela memória de uma suposta relação amorosa que acontecera num outro quarto daquele hotel, com outra pessoa inventada, e que estava a ser tão carinhosamente depositada em leves murmúrios nos meus ouvidos, apesar da encenação, da ilusão que é o teatro, da plena consciência de que aquela criatura tão próxima era uma actriz que decorara um texto, não consegui deixar de sentir uma gratidão imensa e desusada.
Uma sensação estranha, cálida, de agradecimento pela partilha e pela confiança.

E as palavras dela ficaram a ecoar:
"... Dizem que as papoilas têm vida curta. Que se as colocam num vaso morrem logo a seguir. E no entanto parecem pequenas chamas vermelhas que inflamam os campos. Vai, sê uma papoila vermelha. Deixa incendiar a pequena chama vermelha que levas dentro."

A propósito da Tia Amélia



Diz o ZM que tia Amélia poderia vender histórias no mercado das flores.
Histórias soltas, retalhos, memórias vividas, ramos de cheiro, molhos silvestres...

A este propósito lembrei-me de um trecho da Isabell Allende que guardei num dos baús há já muito tempo:

"Nesse dia Belisa Crepusculário soube que as palavras andam soltas, sem dono, e que qualquer um com um pouco de manha pode agarrá-las para as vender". (em Histórias de Eva Luna)

A venda não será o caso, só as palavras. Já não soltas, mas arrumadas em histórias, à procura de quem as possa recontar. Vai um molhinho?!
Ó menina, é pr'ácabar...

segunda-feira, maio 23, 2005

à sombra



Sábado, dia de estranhos humores, céu nublado e humidade relativa insuportavelmente elevada, resolvemos cirandar pela cidade em busca de algo para ver.
Ver e percorrer, que isto de calcorrear passeios de nariz no ar é uma forma espantosa de conhecer que não queremos perder com o tempo e que há que cultivar com carinho e alguma dedicação.
Foi portanto um daqueles dias em que vagueámos sem destino certo até que a ideia se foi formando de mansinho e dirigindo os nossos passos para a Real Fábrica das Sedas.

Aqui, hoje Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, está uma exposição a não perder:
À sombra de Lourdes Castro.



A Lourdes Castro tem uma forma mágica de criar universos que fascina de tão simples. Capturando as sombras de objectos, pessoas, plantas e outras coisas do mundo comum constrói um outro mundo extraordinário, reconhecível e estranho em simultâneo.

Desenhando com cuidado as sombras projectadas, proporciona uma leitura dos objectos simultaneamente minuciosa e grosseira, na qual os recortes e detalhes marginais (porque situados na margem exterior de todas as sombras projectadas) surgem desenhados em toda a sua riqueza e pormenor, enquanto a restante área de sombra se fixa numa massa informe, plana e irreconhecível.



As silhuetas nas suas transparências, sobreposições e recortes parecem ganhar particularidades que os objectos originais, na sua tridimensionalidade, não deixavam ver.
As pessoas ganham contornos de um poesia impressionante.
E tudo, todos os traços, na sua simplicidade despojada, reduzidos à essencialidade das coisas, nos fazem sentir a memória daquilo que já não está.
Como se nestes gestos poéticos a artista capturasse a alma de tudo e a depositasse com um carinho inusitado nas folhas de papel.

Não deixem de passar por lá.

PS: As fotos das obras não são permitidas pelo que estas são uma homenagem pessoal às sombras da L.C.

quinta-feira, maio 19, 2005

Narciso



"Eu não olhava o espelho há tanto tempo que ele me toma por outra pessoa."

Chico Buarque em Estorvo


Os meus dias têm sido longos mas duros.
O trabalho excessivo provoca um cansaço doentio e apático que desfigura.
Para o combater nada como recuperar o prazer das pequenas coisas.



Breves passeios ao fim da tarde pelo Jardim Gulbenkian em busca da luz que se escoa e se enche lentamente de sombra.



E enquanto a penumbra cresce e o brilho se esconde, os reflexos ganham contornos difusos, orgânicos, quase palpáveis.



Atmosferas suaves, envolventes, que aqui partilho convosco...
num dia maior.

Bom fim-de-semana.

Contra-indicação



E se uma ilusão te indicar o caminho?!

quarta-feira, maio 18, 2005

Manifesto científico!




"L'interdisciplinarité c'est le mariage légal entre deux sciences voisines.
Moi, je suis pour la promiscuitié géneralizé."

Fernand Braudel


E porque hoje, dia 18 de Maio, é dia internacional dos museus, lambuzem-se nas disciplinas várias, baralhem-nas, e visitem os muitos sítios que têm programas especiais e gratuitos!
Vejam sugestões aqui e aqui

segunda-feira, maio 16, 2005

Amigos II



"Eu matar não gosto muito,
mas saudades é diferente,
é como matar pulgas,
alivia a gente."

Sérgio Godinho


Que me perdoem os meus amigos que, apesar de fresquinhos e bem conservados, há muito tempo que não mato as saudades que deles tenho.

sexta-feira, maio 13, 2005

Amigos bem conservados



Os amigos são bens preciosos, é preciso conservá-los bem.
Os meus andam todos no frigorífico para não se estragarem!

Aparição



Dez de Maio.
A três dias do acontecimento a Senhora encheu-se de dúvidas.
Os pastorinhos dormiam já a sono solto quando lhes foi remexer na cama, espiolhar as orelhas, cheirar o hálito acre e azedo.
Cuidava que assim seriam: enfezados e mal parecidos, como convinha às gentes do povo. Mas de bom coração, que os olhos fechados não deixavam confirmar.
Suspirou baixinho ajeitando a manta.
- Antes assim...
A enxerga mal chegava para os três e a cada movimento os pequenos corpos deixavam vislumbrar a sujidade das carnes.
Estava prestes a desistir quando a rapariga entreabriu os olhos e suspendeu a respiração.
Breve instante de incerteza estremunhada.
- Jacinta, Francisco! Acudam!
O sono custava a despegar-se das almas e contrariava os esforços desesperados da Senhora em explicações incompreensíveis.
A três dias do acontecimento e o acontecimento já ali, antes de qualquer mensagem e preparação. Um ar infinitamente cansado crispou-lhe os dedos na manta e cravou-lhe uma ruga funda no rosto cansado.
As crianças já despertas hesitavam.
- Senhora feia que levas os meninos, sai daqui. Sai, sai, sai.
- Oh Lúcia..., Jacinta..., esperem!
Sobressalto.
A palha pisada da enxerga saía dos buracos do colchão puído.
Seguiu o movimento da manta que escorregava lentamente dos ombros da rapariga mais velha e decidiu-se.
- Tenho três mistérios para vos revelar.
Bocejo disfarçado de incredulidade.
Incredulidade disfarçada de bocejo.
As mãos pequenas tacteavam à procura de qualquer coisa sem que a Senhora descortinasse o quê.
Continuou.
- É preciso que os transmitam na altura certa...
Era urgente que as palavras soltassem a mensagem, adiantadas, e cumprissem um destino marcado para daí a três dias.
O rapaz avançou de repente.
- Sai. Mulher doida. Pelo Senhor...
Leve movimento de corpos...
A pedrada surgiu certeira e a Senhora caiu de bruços num balbucio entredentes.
As ovelhas baliam desconfiadas.
Os pastorinhos chamaram o cão, puxaram a mulher pela manta que trazia e deixaram-na na soleira, corpo na terra espezinhada e aquecida dos animais.
Respiraram fundo.
Calmaria na noite estrelada.
Os balidos mudos agora.
Ajoelharam.
- Deus nosso Senhor livrai-nos do mal, de todo o mal. Confortai-nos com a Vossa presença. Enviai a senhora mãe do menino como sinal. Daqui a três dias estaremos no meio do campo com os nossos rebanhos...

susana
dezdemaiodemilnovecentosenoventaecinco


Desculpem lá qualquer coisinha.
Ando a remexer nos baús e de vez em quando saem-me do meio das memórias em desarrumo coisas insuspeitadas!
Bom fim-de-semana.

quarta-feira, maio 11, 2005

Uma questão de óptica



"Há palavras que fazem bater mais depressa o coração - todas as palavras - umas mais do que outras, qualquer mais que todas. Conforme os lugares e as posições das palavras. Segundo o lado de onde se ouvem - do lado do Sol ou do lado onde não dá o Sol."

Almada Negreiros em A Invenção do Dia Claro

terça-feira, maio 10, 2005

A menina do Mar e a pequena bolota

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A menina do Mar é o meu disco de infância.
Uma daquelas histórias bonitas, inteligente, bem locutada e com música de Fernando Lopes Graça, que provam que as coisas para crianças podem ser projectos de uma criatividade arrojada e exigente e por isso mesmo, constituirem marcos fundamentais no nosso crescimento e conhecimento do mundo.
Para mim este disco foi o momento mágico de cada dia durante muitos anos.
Ouvido repetidamente até à exaustão, ainda hoje me deixa com vontade de abrir a coluna de som para ver a menina dançar.
E agora que o vinil é impossível de encontrar a EMI/Valentim de Carvalho resolveu reeditar a versão original em CD. Para mim foi a história de um reencontro feliz.
Leiam a história, oiçam o disco e deixem-se enlear.


A pequena bolota

A pequenina bolota, projecto promissor de gente grande, é o Gabriel Azinheira a quem deixo esta homenagem carinhosa:

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"nobody,
not even the rain
has such small hands"

e. e. cummings

segunda-feira, maio 09, 2005

Évora

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É sempre boa altura para revisitar o Alentejo.
Há algo de apelo ancestral na planície aberta e ondulada que reconforta a alma e adoça o olhar.
E assim foi.
Rumámos a Évora com o intuito mais prosaico de rever amigos e acarinhar o pequenino Gabriel, passando o dia em refeições feitas a meias, muita conversa e boa música, quando nos apeteceu revisitar a cidade de máquina fotográfica ao ombro.

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Desde que comecei o Dias Maiores recuperei o olhar fotográfico que a falta de tempo não tinha feito desaparecer totalmente mas tinha adormecido numa hibernação forçada e prolongada. Por isso apeteceu-me deixar os olhos correr pelas esquinas, ruelas e pequenos detalhes de uma cidade que acumula pequenas histórias sobrepostas em cada canto.

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Gosto da memória vivida da cal da parede, dos pequenos objectos anacrónicos, das letras e letreiros de diferentes formatos, da textura deixada pelo passar do tempo.

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E é isso que agora partilho convosco.
Um itinerário visual feito de pequenas coisas para tornar os dias maiores.
Pelo menos os meus...

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domingo, maio 08, 2005

Meio dia

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"No silêncio transparente o dia repousava:
a transparência do espaço era a transparência do silêncio.
A imóvel luz do céu acalentava o crescimento das ervas.
Os bichos da terra, entre as pedras, sob luz idêntica, eram pedras.
O tempo saciava-se no instante.
Na absorta quietude consumava-se o meio dia."

Octavio Paz


Tenham um dia maior!

quinta-feira, maio 05, 2005

Histórias curtas... do arco da velha

histórias de velhas

Sacrilégio

A velha ofegou mais um pouco à medida que arrastava penosamente os carregos ladeira acima.
Ensaiou um gemido e pediu ajuda a Deus para que a levasse a casa sem mais contratempos.
Ai! Deus me ajude!
Mas não se benzeu.
Pois os sacos ocupavam-lhe as mãos, estrangulando-lhe os dedos.


Susana
Barcelona 1998


Excerto de um projecto antigo de fazer um livro com histórias de velhas, adiado para dias maiores.
Bom fim-de-semana!

Utopia III - o gostar

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"Gosto muito de gostar, não gosto nada de não gostar e acho que é mal empregado desperdiçar-se em não gostar o pouco tempo de vida que temos para gostar."

Jorge Brum do Canto

Utopia II - Uma casa no campo

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"Eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal
onde eu possa plantar meus amigos,
meus discos, meus livros,
e nada mais"

Elis Regina

quarta-feira, maio 04, 2005

Utopias

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para CAMINHAR!"
Fernando Birri

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Sempre acreditei no poder transformador das utopias e todos os dias, antes de chegar ao trabalho, imagino esta: uma horta biológica em cada teclado!

Enfim, cada um terá direito à sua, não?

terça-feira, maio 03, 2005

Manifesto contra a indiferença!!!

Pelo direito aos posts!

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Regaleira II

Reparei agora que me limitei a relatar-vos o mais esperado da Regaleira.
O cenário encenado e teatral com as suas referências místicas e esotéricas.
A verdade é que, uma vez desinteressada da visita que guiava o grupo em que me inseria, me dediquei a visitar uma outra Regaleira, mais verde e mais fantástica: aquela que a luz do sol produzia ao atravessar as folhas das muitas árvores que povoam o jardim. E essa sim é de tal forma fascinante que seria puro egoísmo guardá-la só para mim.
Aqui vai:
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Regaleira

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Quando os dias parecem pequenos nada como fazê-los maiores escolhendo um qualquer destino.
Este Sábado rumámos à Quinta da Regaleira.
O modelo de visita guiada deixa muito a desejar num misto de esoterismo para leigos, explicado a partir do Harry Potter (?!!!), numa amálgama de referências pouco precisas e pouco interessantes.
E é pena porque o espaço valeria uma outra abordagem e merece uma visita cuidada.

Todo o cenário encena as origens míticas do Mundo e do Homem, numa homenagem às sociedades secretas e ideais românticos da natureza como espelho da alma. A busca da verdade (a Oriente e a Ocidente) pauta a simbologia encontrada por todo o lado como as imagens ilustram: um poço iniciático com nove níveis para renascer para a luz depois de se percorrer uma gruta obscura e sinuosa;

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a Fonte dos Guardiões que protegem o búzio da sabedoria;


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a permanente referência maniqueísta ao céu e ao infernos;

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à luz e às trevas. (aqui numa fotografia, com exposição, do túnel que se atravessa depois de descermos os 9 patamares do Inferno de Dante a caminho do regresso, renascido, à luz)

Apesar de tudo uma tarde bem passada.

Não deixem de passar por lá (desculpa lá zêmê por te estar a plagiar)

E se quiserem, até podem fazer danças europeias ao fim-da-tarde!
regaleira abr2005 043

segunda-feira, maio 02, 2005

Dia da Mãe

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As mães museológicas!